Mário, ainda encantado com a forma como o Professor descrevera o mundo dos espíritos, fez outra pergunta.
“Professor, e como era a vida das famílias naquele tempo? As pessoas viviam juntas como agora?”
Mahlemba sorriu, apoiando as mãos sobre o livro. “A família, Mário, era o primeiro país. Nela nascia a educação, a justiça e o sentido de pertença. Não era apenas pai, mãe e filhos — era um círculo amplo que incluía tios, avós, primos e vizinhos. Cada um tinha um papel, e ninguém crescia sozinho.”
Fez uma pausa e continuou: “O respeito pelos mais velhos era lei. Eles eram a voz da experiência e da história. Uma palavra de um avô valia mais que qualquer decisão apressada. O casamento, por sua vez, não era um contrato entre duas pessoas, mas uma aliança entre famílias. Ligava linhagens, terras e responsabilidades. Amava-se com o coração, mas também com o compromisso de preservar a harmonia coletiva.”
Mário pensou por um instante e perguntou: “E as crianças, professor? Tinham escola?”
“Tinham, sim”, respondeu Mahlemba com um leve sorriso. “Chamava-se convivência. Aprendia-se a respeitar, a trabalhar, a falar, a dançar, a caçar. Cada tarefa era uma lição, e cada erro, um ensinamento. A educação não era um prédio, era a própria vida.”
Mahlemba concluiu: “O que nos mantinha unidos não era o sangue, mas o cuidado. A família era o primeiro governo, a primeira escola e o primeiro templo.”
Mensagem final: Antes das instituições, existia a casa. E nela, aprendia-se o que nenhuma lei podia impor: a arte de cuidar uns dos outros.











































