Episódio 15 – As resistências esquecidas

O sol da tarde iluminava a Praça da Independência. Os pombos voavam em círculos sobre a estátua, e o som dos carros misturava-se ao das vozes que passavam.

Mário e o Professor Mahlemba sentaram-se num banco de cimento, de frente para o monumento.

“Professor,” disse Mário, “a história fala muito da dominação, mas quase nunca das resistências. Será que o povo aceitou tudo calado?”

Mahlemba cruzou as mãos sobre o joelho e respondeu: “De maneira nenhuma, Mário. Entre 1880 e 1910, o país foi um campo de resistência.

Houve chefes que recusaram pagar imposto, aldeias que se rebelaram contra o trabalho forçado, comunidades inteiras que fugiram para o mato em vez de se submeter. Muitos enfrentaram exércitos com lanças e coragem, mesmo sabendo que a derrota era provável.”

“Quem eram eles?” perguntou Mário.

“O povo de Gaza, de Marracuene, de Maganja da Costa, do Niassa, de Angoche,” respondeu o professor. “Houve líderes como Gungunhana, Mawewe, Mataca, Zixaxa, Zalala… nomes que o tempo quase apagou, mas que sustentaram a alma deste país. Cada um lutou à sua maneira — uns com armas, outros com estratégias e fé.” Mário ficou a olhar a estátua. “E venceram?”

“Nem sempre,” respondeu Mahlemba. “Muitos foram derrotados, alguns traídos.

Mas mesmo quando perderam a guerra, ganharam algo maior: memória.

Porque mostraram que o moçambicano nunca foi submisso.

Enquanto havia um homem livre, havia resistência.”

O sino da catedral soou. Mahlemba olhou para o alto e disse:

“O problema, Mário, é que o país aprendeu mais sobre quem dominou do que sobre quem resistiu. E por isso muitos acham que somos um povo fraco — quando, na verdade, somos um povo que aguenta, que insiste, que se levanta.”

Mário respirou fundo. “Talvez a nossa geração precise resistir outra vez — mas agora contra a apatia.”

Mahlemba sorriu. “Sim, Mário. As armas mudaram, mas a luta continua — agora dentro de cada consciência.”

Mensagem final: As guerras passaram, mas a coragem ficou.

Quem esquece os que resistiram, volta a ser vencido — não pela força, mas pelo esquecimento.

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Episódio 15 – As resistências esquecidas

Episódio 14 – “O continente em leilão”

Episódio 14 – O tempo dos contratos e das cruzes

Capítulo 51 – Unidos pelo Sonho

Capítulo 50 – A Força de Acreditar em Si

Capítulo 49 – O Valor da Perseverança