Capítulo 8 – A Lógica da Rua
Os dias sucediam-se sem piedade. A rua obrigava Salimo a aprender depressa. A fome ensinava onde procurar restos de comida, a noite ensinava onde esconder-se da violência, o frio mostrava o valor de um pedaço de papelão ou de um cobertor rasgado.
Cada esquina tinha suas regras, e ignorá-las podia custar caro. Descobriu que a rua não perdoava distrações. Aprendeu a negociar um espaço para dormir, a guardar segredo sobre pequenas rotas onde havia comida, a partilhar sem perder tudo.
Entre os meninos, havia solidariedade e disputa. Num dia, dividiam um pão; no outro, brigavam por um canto mais abrigado. Salimo percebia que sobreviver não era apenas resistir, mas também adaptar-se às mudanças constantes.
A rua era uma professora severa, que cobrava caro cada erro. Mas, ao mesmo tempo, ensinava algo essencial: a importância de observar, de estar sempre atento, de desconfiar e confiar na medida certa.
Tu Podes: Sobreviver é aprender as regras do jogo, mesmo quando não foste tu quem o escolheu.