Capítulo 6 – A Rua como Escola
A rua não pediu licença para acolher Salimo. Foi dura desde o primeiro dia. O asfalto frio tornou-se colchão, e o céu aberto, cobertor. A noite chegava com um frio cortante que parecia atravessar os ossos. O dia trazia um sol impiedoso e, com ele, a fome que queimava por dentro.
Logo percebeu que a rua tinha suas próprias regras. Quem não aprendesse depressa, não sobrevivia. Aprendeu onde se podia deitar sem ser expulso, como pedir um pedaço de pão sem humilhação, a quem confiar uma sombra ou dividir um cobertor rasgado. A rua, sem querer, começou a ser sua nova professora.
Entre meninos como ele, encontrou uma solidariedade inesperada. Partilhavam restos de comida, protegiam-se uns aos outros quando os mais velhos tentavam intimidar. Mas também havia perigos: gangues, polícia indiferente, olhares que os tratavam como invisíveis. Era preciso estar sempre alerta.
A cada dia, Salimo compreendia que sobreviver era mais do que resistir ao frio e à fome. Era aprender a manter viva a centelha de esperança, mesmo quando tudo ao redor tentava apagá-la. A rua ensinava rápido, mas cobrava caro: cobrava a inocência, cobrava os sonhos, cobrava a paz.
Tu Podes: A vida pode ser dura, mas cada lição sofrida também pode ser força para o futuro.