Capítulo 5 – A Casa que Desmorona
A infância de Salimo parecia encontrar algum rumo, mas a vida deu uma curva brusca. O pai, cansado de batalhas perdidas contra o desemprego e a bebida, abandonou o lar. A mãe, sozinha, já não conseguia sustentar a casa. O arroz rareava, a panela fervia quase vazia, as contas acumulavam-se. As paredes de barro começaram a rachar, não apenas no físico, mas no coração da família.
Ainda assim, Salimo tentava manter a rotina da escola. Mas a barriga vazia pesava mais do que o caderno. O lápis tremia entre os dedos fracos. O brilho nos olhos permanecia, mas era ofuscado pelo peso das dificuldades.
Um dia, ao voltar da aula, encontrou a porta trancada. Não havia vozes lá dentro. Só o silêncio. A mãe, exausta e sem recursos, já não podia cuidar dele. Foi assim que descobriu que, às vezes, a vida muda num instante — sem aviso, sem explicação.
O que restava a um menino, senão aceitar o empurrão da realidade? Nesse dia, Salimo sentiu que não tinha mais casa. E o mundo, frio e imenso, tornou-se sua única morada.
Tu Podes: Mesmo quando tudo desmorona, ainda podes encontrar dentro de ti forças para continuar.