Capítulo 15 – A Vergonha e a Coragem
Na manhã em que decidiu regressar à escola, Salimo sentiu o coração acelerar como se fosse enfrentar uma batalha. Vestiu a roupa simples que tinha, ajeitou os sapatos gastos e saiu de casa com a mochila leve. O medo era um companheiro invisível.
“E se rirem de mim?” — pensava.
“E se descobrirem que vivi na rua?”
A vergonha parecia mais pesada que qualquer caderno.
Ao atravessar o portão, alguns olhares pousaram sobre ele. Cochichos surgiram nos cantos. O peso do passado ameaçava esmagá-lo. Mas Salimo respirou fundo. Lembrou-se da frase que a senhora sempre repetia: “Tens de encher a cabeça.” E continuou a caminhar até encontrar uma carteira vazia.
A professora, sem expor a sua história, acolheu-o com naturalidade. Fez apenas um gesto simples: pediu-lhe que abrisse o caderno que trouxera e acompanhasse a turma. Para Salimo, aquele gesto discreto foi um alívio. Era como se ela dissesse: “Aqui não importa de onde vieste. O que importa é o que vais aprender.”
As primeiras aulas foram difíceis. O tempo afastado deixara lacunas. Mas a vontade de aprender era mais forte que qualquer atraso. A cada letra escrita, a vergonha diminuía. A cada conta resolvida, a coragem aumentava.
Tu Podes: A coragem não é ausência de medo — é seguir em frente apesar dele.