Capítulo 11 – O Encontro Inesperado
Era mais um dia de calor sufocante no mercado. Salimo estava sentado num canto, cansado de pedir e de ser ignorado. O barulho das vozes misturava-se ao cheiro de peixe seco, frutas maduras e poeira levantada pelos passos apressados. Para os que passavam, ele era invisível. Para ele, cada rosto indiferente era mais uma ferida silenciosa.
Mas, naquele dia, algo diferente aconteceu. Uma senhora de idade avançada parou diante dele. Não desviou o olhar como os outros. Fitou-o com calma, como quem enxerga além da sujeira, da roupa rasgada e da fome estampada no rosto.
Perguntou-lhe o nome. Salimo respondeu com a voz baixa, desconfiado. Perguntou se já tinha comido. Ele abanou a cabeça, sem coragem de mentir. Houve silêncio por alguns segundos, até que ela disse: — “Se quiser, podes vir ajudar em minha casa. Não tenho muito, mas sempre haverá um prato de comida.”
Essas palavras entraram em Salimo como um raio de luz na escuridão. Não eram promessas de riqueza, mas soavam como dignidade. Pela primeira vez em muito tempo, alguém via nele valor.
Tu Podes: Às vezes, basta uma voz que acredita em ti para reacender o que parecia perdido.