Capítulo 32 – A Voz do Passado e a Chama do Presente
O frio da madrugada entrava pelas frestas da casa, e Salimo puxou o pano gasto para se cobrir. Nesse instante, a memória voltou-lhe como um murro: a rua. Lembrou-se das noites em que o chão duro era a única cama, das vezes em que procurava restos de pão nos caixotes de lixo, dos dias em que a fome fazia o corpo tremer e o futuro parecia não existir.
Pensou baixinho: “Se naquela altura eu tivesse tido apenas uma galinha, só uma, talvez a história tivesse sido diferente. Um ovo por dia teria feito toda a diferença.”
A lembrança doía, mas algo dentro dele não o deixou afundar-se. O que vira na Quinta Nicy tinha acendido uma chama nova. O passado gritava, sim, mas o presente começava a falar mais alto. Era como se cada imagem da visita empurrasse a dor para trás e abrisse espaço para algo maior: esperança.
Salimo compreendeu que não podia mudar o ontem, mas podia decidir o amanhã. E essa decisão estava nas suas mãos, não nas mãos da sorte. O menino que um dia aprendera a sobreviver entre o frio e a fome agora descobria que também podia aprender a prosperar.
O fogo dentro dele crescia. Não era mais a chama frágil de quem apenas sonha. Era o início de um incêndio de determinação.
Tu Podes: Não és prisioneiro daquilo que viveste. És construtor daquilo que decides viver daqui para frente.