Capítulo 19 – Afinidade com os Animais
O quintal suburbano da senhora tornou-se o lugar favorito de Salimo. Não era grande, mas tinha vida: galinhas que cacarejavam alto, pombos que vinham bicando milho, coelhos que se escondiam em cantos, cães que latiam sempre atentos. Para muitos, eram apenas animais comuns. Para ele, eram mestres silenciosos.
Passava horas a observar. Reparava como cada galinha tinha seu jeito próprio: algumas eram mais atrevidas, outras mais calmas. Notava como os coelhos preferiam ficar quietos, mas corriam rápido quando assustados. Até os cães, que pareciam brutos, mostravam ternura quando ganhavam um afago. Salimo descobria uma espécie de linguagem sem palavras, feita de gestos, sons e olhares.
Certo dia, uma galinha adoeceu. Enquanto a senhora lhe mostrava como dar água fresca e manter o ninho limpo, Salimo sentiu algo novo: um cuidado que nascia de dentro. Não era apenas tarefa, era ligação. Pela primeira vez em muito tempo, sentia-se útil de verdade.
Ao deitar-se naquela noite, pensou: “Se eu consigo cuidar deles, talvez também consiga cuidar do meu futuro.” Era um pensamento simples, mas poderoso. A vida parecia mostrar-lhe, pouco a pouco, um caminho.
Tu Podes: Descobrir o que amas fazer é o primeiro passo para transformar trabalho em propósito.