Capítulo 4 – O Peso do Conhecimento
Havia dias em que as gargalhadas dos colegas sobre os seus sapatos gastos doíam mais do que a fome. Outras vezes, o silêncio pesado da sala parecia lembrá-lo de tudo o que lhe faltava. Mas, mesmo assim, Salimo manteve a chama. Entre gargalhadas dos que zombavam de seus sapatos gastos e o olhar severo dos professores que exigiam mais do que ele podia dar, Salimo não se intimidava facilmente.
A cada pergunta respondida, ele erguia-se um pouco mais. Sabia que cada resposta certa era como uma pedra colocada na ponte que o levaria além do bairro. E, devagar, essa ponte começava a tomar forma dentro dele.
Um dia, a professora pediu que cada aluno escrevesse o que queria ser no futuro. Alguns escreveram “médico”, outros “polícia”, outros ainda “professor”. Salimo demorou. Olhou para a folha em branco e escreveu apenas: “Quero ser alguém que não desiste.”
A professora leu e guardou o papel, emocionada. Para ela, não era apenas uma frase; era um compromisso silencioso de um menino que, mesmo cercado de limites, já mostrava grandeza.
No fundo, começava a perceber: o conhecimento podia ser a primeira chave para sair da invisibilidade. A escola podia ser simples, a mochila leve, mas cada palavra aprendida carregava peso de futuro — capaz de transformar letras em asas.
Tu Podes: O saber pode ser simples, mas tem força para te dar asas.