A recente música “Queremos Paz”, lançada por um grupo de artistas moçambicanos renomados, continua a ser alvo de intenso debate. Desta vez, foi o empresário Arcelio Tivane quem reagiu com um ponto de vista crítico. Para Tivane, a iniciativa, embora válida no seu propósito, peca por exclusão e falta de representatividade, levantando questões que vão além da música e tocam em temas sensíveis da sociedade moçambicana.
Principais Pontos Levantados por Arcelio Tivane
1. Exclusão de Vozes Ativas na Causa Popular
Tivane destacou a ausência de artistas tradicionalmente ligados às causas sociais, como Stewart Sukuma, Blaze Doutor Amor e Nikotina KF. Para ele, uma música que busca intervenção social deve incluir figuras que já têm impacto direto junto ao povo, representando diferentes perspetivas.
2. Contradição no Posicionamento de Alguns Artistas
Segundo Tivane, alguns dos participantes da música possuem posicionamentos políticos controversos, o que compromete a autenticidade da mensagem. Ele questiona a legitimidade de gritar por paz enquanto, para muitos, eles fazem parte do problema.
3. Contexto Atual Ignorado
A análise do empresário também critica o foco da música, que clama por paz num momento em que o país enfrenta conflitos pós-eleitorais e demandas pela verdade eleitoral. Ele afirma que o clamor pela paz desvia a atenção dos verdadeiros problemas que a sociedade enfrenta.
4. Estética e Narrativa Distantes da Realidade
Tivane sugeriu que as vestes brancas e a abordagem visual do vídeo não refletem o momento atual de dor e luta. Para ele, elementos como ambulâncias, confrontos e a dor do povo deveriam ter sido representados de forma simbólica.
5. Busca por Protagonismo Individual
O empresário aponta que o vídeo dá destaque desnecessário a figuras individuais, como Mr. Bow, o que poderia diluir a mensagem de unidade e foco no coletivo.
6. Falta de Inclusividade
Tivane questiona a seleção dos artistas participantes, sugerindo que houve um critério tendencioso que deixou de fora figuras essenciais para o debate social.
Oportunidade para o Debate Público
O lançamento de “Queremos Paz” abre uma discussão maior: qual é o papel da arte em momentos de tensão social? A música deve ser um espaço de denúncia e resistência ou uma plataforma para promover reconciliação?
De um lado, estão aqueles que defendem a música como um esforço genuíno para unir os moçambicanos, independentemente de diferenças políticas ou sociais. Do outro, há quem a critique como um gesto superficial ou manipulador, que não aborda as raízes dos problemas enfrentados pelo país.
Convite à Opinião Pública
A reação de Arcelio Tivane é um convite para todos refletirem:
Os artistas têm a responsabilidade de representar todas as vozes do povo ou apenas as suas próprias perspetivas?
Como promover a paz sem ignorar a justiça e a verdade?
Qual é o papel da unidade na diversidade em momentos de conflito?
Este debate é uma oportunidade para os moçambicanos expressarem suas opiniões e contribuírem para um diálogo construtivo. Afinal, a paz é um objetivo de todos, mas o caminho para alcançá-la deve ser trilhado com verdade, inclusão e respeito às diferenças.
Deixe sua opinião: “Queremos Paz” é um gesto pela união ou um reflexo das divisões sociais?