Henrique Aly, em seu recente texto, oferece uma perspectiva única e reflexiva sobre a participação dos Mambas na CAN 2023, destacando um paradoxo que envolve a capacidade de encontrar alegria mesmo em meio à tristeza.
O autor confessa sentir uma inexplicável alegria diante de resultados que, à primeira vista, poderiam ser considerados desfavoráveis. Esta emoção paradoxal é explicada pela autodefinição de Henrique como uma pessoa positiva, cansada de conceder crédito excessivo à negatividade.
Numa projeção “anti-patriótica” e profissionalmente honesta, Henrique previa uma derrota diante do Egito. Contudo, o empate foi celebrado como uma vitória épica, marcando dois golos contra o todo-poderoso heptacampeão africano, que havia vencido todas as cinco partidas anteriores.
A visão do autor incluía também um empate projetado com Gana e uma vitória disputada contra Cabo Verde. Henrique considerava a obtenção de 4 pontos como uma meta realista, suficiente para garantir a tão desejada passagem aos oitavos-de-final.
Os 2 pontos conquistados contra adversários de alto calibre são reconhecidos como positivos, embora o autor admita que perdem relevância nas contas finais. Henrique sugere que a participação moçambicana na CAN 2023 não deve ser avaliada de forma linear, apontando para ganhos comparativos em relação a edições anteriores, apesar do insucesso desportivo semelhante.
O texto destaca o descompasso entre os ganhos morais e espirituais e o desempenho desportivo estrito. Henrique expressa uma sensação de “alma lavada” ao abordar o complexo sentimento de ser patriota, reconhecendo os desafios que o povo moçambicano enfrenta, mas nunca se nega a lutar pela sua dignificação.
A derrota para Cabo Verde é simbolizada como um retrocesso, comparável aos diversos males que obstaculizam o progresso nacional. Por outro lado, os empates com Egito e Gana são equiparados a batalhas duras vencidas pelo povo, reacendendo a esperança e sugerindo a possibilidade de superação, semelhante à revolução consciente que o país viveu há mais de 50 anos.
A receção calorosa aos Mambas eliminados não é interpretada como uma celebração da mediocridade, mas como uma exaltação da possibilidade. Henrique Aly oferece uma reflexão profunda sobre as complexidades emocionais que permeiam a participação da seleção moçambicana na CAN 2023, convidando os leitores a ponderarem sobre o significado além dos resultados desportivos.