Episódio 14 – O tempo dos contratos e das cruzes

O ar dentro da igreja era fresco e quieto. Mário olhava os vitrais e perguntou em voz baixa: “Professor, como é que a religião e o comércio se encontraram na nossa história?”

Mahlemba respondeu sem pressa: “Entre os anos 1850 e 1900, as duas tornaram-se inseparáveis, Mário. A cruz e o contrato chegaram quase juntas.

Enquanto os missionários pregavam fé e moral, os administradores assinavam acordos de trabalho e concessões de terra. Chamaram a isso ‘civilizar’. Mas, na verdade, estavam a organizar a exploração.”

Mário inclinou-se. “Então a fé foi usada como instrumento de poder?”

“O poder percebeu o valor da fé,” corrigiu o professor. “Os missionários ensinaram a ler, a escrever, a cantar — mas também ensinaram a obedecer.

E no meio dessa obediência, o trabalho forçado foi apresentado como dever.

Muitos povos perderam suas terras porque assinaram contratos que não compreendiam. O papel prometia salário; a prática entregava cativeiro.”

Mário franziu a testa. “Mas havia quem resistisse?”

“Havia, e muito,” disse Mahlemba. “Houve aldeias que esconderam os seus líderes, famílias que fugiram para o mato, chefes que se recusaram a converter-se.

Mas o sistema era astuto: quem não aceitava a cruz, recebia o imposto; quem não pagava o imposto, perdia a terra. A força deixou de vir das armas — passou a vir das assinaturas.”

Mahlemba olhou para o altar e concluiu: “Foi um tempo confuso, Mário. A fé sincera misturou-se com a dominação, e até hoje muitos não conseguem separar as duas.

Mas a culpa não está na cruz — está em quem a usou para construir o contrato.”

Mário respirou fundo. “Parece que o país foi ensinado a acreditar… mas não a questionar.”

Mahlemba assentiu. “E é por isso que aprender história é mais do que lembrar — é reaprender a perguntar.”

Mensagem final: Entre a cruz e o contrato, nasceu a obediência.

Mas a fé verdadeira não aprisiona — liber

ta o pensamento.

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Episódio 14 – “O continente em leilão”

Episódio 14 – O tempo dos contratos e das cruzes

Capítulo 51 – Unidos pelo Sonho

Capítulo 50 – A Força de Acreditar em Si

Capítulo 49 – O Valor da Perseverança

Capítulo 48 – Contas que Ensina(m)