O sol descia sobre o mar da Marginal, pintando tudo de dourado.Mário e o Professor Mahlemba caminharam até o miradouro, olhando os barcos de pesca que balançavam na maré. “Professor,” perguntou Mário, “quando foi que os estrangeiros chegaram pela primeira vez?”
Mahlemba respondeu calmamente: “Por volta do ano 1400, Mário. Muito antes da colonização, já havia mercadores árabes, persas e indianos a visitar os portos da costa moçambicana. Eles vinham trazidos pelo vento monção, que empurrava as velas brancas até Sofala, Ilha de Moçambique, Angoche e Inhambane.
Trocavam tecidos, sal, especiarias e contas coloridas por ouro, marfim e conchas raras. Não havia guerra. Havia curiosidade.”
Mário olhou o horizonte. “E como o povo daqui reagiu?”
“Com hospitalidade e espanto,” respondeu o professor. “Os estrangeiros pareciam vir de outro mundo, mas falavam com respeito. Aprenderam palavras locais, casaram com mulheres da região, partilharam saberes de navegação e comércio. Foi um encontro de mundos de fé, de sons, de temperos. E dessa mistura nasceu a cultura Swahili, com cidades prósperas e cosmopolitas, cheias de vida e de mar.”
“Então havia convivência,” disse Mário.
“Havia, e muita,” confirmou Mahlemba. “Era o tempo em que o mar unia, não dividia. Mas, como sempre acontece na história, o equilíbrio dura pouco quando o poder entra em jogo. Com o tempo, o interesse comercial começou a transformar-se em ambição e as velas que traziam amizade voltariam com outras intenções.”
Mário ficou a olhar o mar. “Parece que a nossa história começa sempre com esperança… e termina com disputa.”
Mahlemba sorriu. “Talvez, Mário. Mas o importante é lembrar que o primeiro gesto foi de acolhimento. Antes do domínio, houve diálogo. E isso diz muito sobre quem somos.”
Mensagem final: As primeiras velas que chegaram à costa não traziam conquista traziam encontro. E lembrar disso é lembrar que a nossa identidade começou com abertura, não com medo.











































