O vento soprava forte na Fortaleza de Maputo. As bandeiras tremulavam, e o cheiro do mar subia pelas paredes antigas. Mário caminhava ao lado do Professor Mahlemba, olhando para os canhões apontados ao horizonte.
“Professor,” perguntou ele, “como é que o comércio virou domínio? Foi só pelas armas?”
Mahlemba parou diante de uma das janelas e respondeu: “Nem sempre, Mário. As conquistas raramente começam com tiros. Primeiro vêm as palavras, as promessas, as alianças. Os estrangeiros ofereceram proteção, fé, ensino, e aos poucos começaram a decidir por nós. Por volta do ano 1550, já controlavam parte dos portos, e com o tempo passaram a nomear chefes, recolher impostos e ditar leis.”
“E ninguém resistia?” perguntou Mário.
“Resistia, sim,” respondeu o professor. “Houve reinos que lutaram, como os de Manica e Marávia. Mas o poder estrangeiro era paciente.
Enquanto as armas descansavam, as ideias trabalhavam ensinaram novas religiões, mudaram a língua das escolas, criaram hierarquias sociais.
A conquista começou pela mente.”
Mário olhou o pátio. “Então o domínio não foi só político foi cultural.”
“Exatamente,” disse Mahlemba. “O povo começou a acreditar que o que vinha de fora era mais certo, mais bonito, mais civilizado. E quando se convence um povo de que ele é menor, não é preciso prender ele próprio se limita.”
Ficaram em silêncio por um instante, ouvindo o vento. Mahlemba continuou: “Esses foram os verdadeiros ventos da conquista, Mário. Eles não apenas mudaram quem mandava mudaram como pensávamos sobre nós mesmos.”
Mário passou a mão pelo muro de pedra. “E talvez seja por isso que até hoje muitos ainda duvidam do que o país pode fazer.”
Mahlemba assentiu. “A colonização mais longa é a da mente. Mas a boa notícia é que toda mente também pode libertar-se desde que volte a acreditar.”
Mensagem final: As armas ocupam terras. As ideias ocupam gerações. E a maior independência é a de voltar a pensar por conta própria.











































