Atija Ussene Abacar, mais conhecida como Dama Ija, é um dos maiores nomes da música macua, consolidando-se como um ícone cultural da província de Nampula, no distrito de Angoche. Desde que descobriu seu talento em 2009 e lançou seu primeiro sucesso em 2010, Dama Ija tem encantado o público com canções que retratam a essência da vida do povo macua, cantadas na sua língua materna. Por isso, ganhou o título de “Rainha da Música Macua”, uma honraria que reflete sua capacidade de transformar histórias e tradições em arte.
Seu maior sucesso, “Likirikita”, é prova do impacto de seu trabalho, com o videoclipe ultrapassando dois milhões de visualizações no YouTube. Apesar dessa projeção, Dama Ija permanece em sua terra natal, onde enfrenta os desafios de ser uma artista de renome internacional enquanto se mantém conectada à sua comunidade e raízes culturais.
O peso da tragédia e a luta pela relevância
Como muitas mulheres do norte de Moçambique, Dama Ija vive e trabalha em um contexto de adversidades. A infraestrutura limitada de Nampula e a centralização do mercado musical em Maputo dificultam o alcance de novos públicos e oportunidades. Mesmo assim, ela insiste em lançar músicas e vídeos de qualidade, superando a falta de grandes patrocinadores ou recursos tecnológicos locais.
Dama Ija vive a tragédia silenciosa de lutar contra o esquecimento, um desafio comum a muitos artistas que escolhem permanecer longe dos grandes centros urbanos. Apesar disso, ela continua sendo uma inspiração, especialmente para jovens mulheres que veem nela a possibilidade de sucesso sem abrir mão de suas origens.
Sua dedicação em manter viva a tradição macua é, ao mesmo tempo, um ato de resistência e uma celebração da cultura local. Suas músicas são mais do que entretenimento; são documentos vivos que preservam a língua e as histórias de sua gente.
Dama Ija, a Rainha da Música Macua, prova que é possível conquistar reconhecimento mantendo os pés firmemente plantados em sua terra, enfrentando as dificuldades com coragem e paixão. Sua história é um lembrete poderoso de que a arte, mesmo nas condições mais desafiadoras, pode florescer e iluminar caminhos.