Mesmo após a sua morte, o legado de Azagaia continua vivo — não apenas nas ruas de Moçambique, mas também nos meios académicos internacionais. O rapper e ativista moçambicano voltou a ser objecto de estudo, desta vez na Universidade de Cork, na Irlanda, reforçando o reconhecimento já alcançado em instituições como a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
O artigo intitulado “To Brother Azagaia: A Letter of Remembrance from Mozambique and Beyond”, da autoria do investigador Janne Rantala, destaca não só a dimensão artística de Azagaia, mas também o seu papel como figura central da resistência popular e da memória política contemporânea em Moçambique.
Azagaia, cujo nome verdadeiro era Edson da Luz, foi mais do que um músico. Era um intelectual público, uma voz crítica do sistema político e um símbolo de coragem para milhares de moçambicanos. Rantala escreve diretamente ao artista, numa carta de homenagem onde relembra momentos marcantes da sua vida, como a infância em Namaacha, a mudança para Maputo e a morte súbita em março de 2023, vítima de uma crise epiléptica.
A carta, publicada numa plataforma académica, contextualiza o impacto de Azagaia durante momentos de tensão política em Moçambique, como os protestos contra fraudes eleitorais e abusos policiais. Rantala lembra que “em Maputo, em cada chapa ou táxi, em postes e muros, vêem-se adesivos, murais e frases de Azagaia”, e que o seu nome já transcendeu a música: “Azagaia já não é um nome. É um movimento.”
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A sua influência também chegou a Guiné-Bissau, onde foi pintado um mural em sua homenagem. As suas letras continuam a ser entoadas como palavras de ordem nas manifestações populares, ligando a juventude urbana à crítica social e à defesa de direitos.
O reconhecimento académico internacional é mais uma prova de que o pensamento e a arte de Azagaia ultrapassaram fronteiras. Num país onde muitos artistas enfrentam silenciamento, a presença de Azagaia em salas de aula e bibliotecas do mundo demonstra que a sua mensagem continua atual, necessária e viva.
